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A história da fotografia mescla-se com a da pintura desde o início do século XIX, ocasião em que se questionava se a fotografia era arte ou produto de uma simples máquina fria, avessa ao autoral. Essas afirmações, por mais bizarras que possam ser hoje, eram realizadas, inclusive, num cenário de fundo em que despontava a comparação com a pintura. De outra parte, muitos proclamaram o fim da pintura, dado o surgimento da fotografia. Incorreram em grande engano, pois o que aconteceu foi exatamente o contrário: a pintura vem ocupar – por mais paradoxal que possa soar a frase – o exato lugar da pintura. A partir da consciência que a invenção da fotografia impinge a essa secular linguagem artística, a pintura assumiu a feição da real complexidade que lhe cabia, em contraponto ao simples registro da realidade e da simples cópia da natureza. Ao longo do século XIX e durante o primeiro quartel do século XX, a linguagem pictórica assume um viés de grande dinamicidade – evolui, se recria e se transforma em cada década, tornando-se o sustentáculo de todas as magnas transformações dessa rica época, na qual o paradigma modernista avassaladoramente vai se impor. Paralelamente à pintura, a fotografia, nesse mesmo período – mas não com o mesmo vigor com que a pintura navega na crista do modernismo –, vai se consolidar como uma linguagem nova, assentada em bases tecnológicas bastante elaboradas, das quais adviriam também o cinema, o vídeo e a computação. (A Fotografia e Pintura: uma pesquisa na linguagem visual – Silvio Zamboni)


Com o tempo, desenvolveram-se novas formas artísticas nas quais a rígida separação entre objetos industrializados e obras de arte foi sendo superada. A fotografia e o cinema são exemplos mais expressivos desse fenômeno. O desenvolvimento da fotografia foi propiciada pela criação do danguerrótipo, em 1839, por Louis Danguerre. A primeira exibição de cinema foi feita em 1895, pelos Irmãos Lumière. Ambos os fatos alteraram profundamente a sociedade e mudaram a maneira das pessoas conceberem a arte e com ela se relacionarem. A obra de arte deixa de ser resultado exclusivo do trabalho das “mãos do artista”.
Com a fotografia, por exemplo, o “artista fotógrafo” quase já não usa as mãos, como fazia o pintor, mas sim opera a máquina e submete o filme a processos químicos até obter um negativo, do qual podem ser feitas inúmeras cópias. Com o cinema ocorre algo semelhante: entre o criador e a obra passam a existir a câmera cinematográfica e um conjunto de procedimentos químicos e mecânicos. O produto final dessas novas artes, portanto, está relacionado a um “fazer mecânico”, e a arte aparece ligada à máquina, não só para ser realizada como para ser exibida, como é o caso do cinema.
Henri Cartier-Bresson (1908-2004), fotógrafo importante que iniciou seu trabalho na primeira metade do século XX, é um bom exemplo do que a fotografia pode ser uma forma de arte produzida pela máquina. Seu trabalho caracterizou-se, como ele própriodizia, pela captura do “momento decisivo”. Por ele, o fotógrafo devia registrar na foto um instante breve, mas que revela as ações cotidianas que são curiosas, interessantes ou comoventes. O fotógrafo, portanto, precisa saber olhar o mundo e estar atento para transformar em imagem fixa um momento passageiro, que às vezes dura uma fração de segundo.
O cinema como arte e como indústria. Podemos considerar o cinema como a expressão mais característica de uma arte criada a partir de descobertas tecnológicas, produzida em série e voltada para o consumo de grandes massas. Mas ele é também uma indústria: à semelhança de outras atividades industriais, exige altos investimentos para a produção e a distribuição mundial de cópias. (A arte da primeira metade do século XX - a fotografia e o cinema: Descobrindo a História da Arte, Graça Poença, Editora Ática, 2008)

1 Comment

  1. Unknown On 07/04/2021, 10:17

    o produto final dessas novas artes portanto está relacionado a quê?

     

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