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http://pt.wikipedia.org/.../Ficheiro:Caipira_picando_fumo.jpg -

José Ferraz de ALMEIDA JÚNIOR, (1850-99). Nascido em Itu (SP) e falecido tragicamente em Piracicaba, no mesmo Estado. Demonstrando desde a mais tenra idade inclinações artísticas, teve no Padre Miguel Correa Pacheco seu primeiro incentivador, quando era sineiro da Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em sua cidade natal. Foi o padre quem obteve, numa coleta pública, o dinheiro suficiente para que o futuro artista, já então com cerca de 19 anos de idade, pudesse embarcar para o Rio de Janeiro, a fim de ali estudar.
No panorama da pintura nacional, Almeida Júnior aparece como autêntico precursor. Em sua obra, que abrange pinturas históricas, religiosas e de gênero, retratos e paisagens, repercute uma personalidade que nunca se afastou um milímetro de suas idéias e convicções. Sua produção, não muito extensa, é valiosa do ponto de vista estético, histórico e social, nela se misturando influências românticas, realistas e até mesmo pré-irnpressionistas: como não ver, nesse artista probo e sincero, um êmulo de Courbet e de Millet, com os quais possuía afinidades técnicas e temáticas?
Realista, os personagens do pintor são gente de carne e osso, que conheceu pessoalmente, gente que tinha nome, comia, vivia, amava. Assim, o modelo para Caipira Picando Fumo era um tipo popular de Itu, Quatro Paus; e a mulher que aparece escutando O Violeiro era figura notória da cidade, misto de enfermeira e dançarina num cabaré local. De inspiração outra são, evidentemente, as várias figurações de Maria Laura que perpassam por sua produção: porque Maria Laura é A Noiva (1886), ela é quem simboliza A Pintura, no quadro, de 1892, hoje na Pinacoteca de São Paulo surge na Leitura, também de 1892, quem sabe se também em O Importuno, de 1898, ou em Saudades, de 1899, quando não em Repouso, sensual figura de uma jovem adormecida, em meio à leitura, vendo-se o alvo seio que escapa dos rendilhados da camisola entreaberta. No que respeita aliás aos aspectos psicológicos da arte de Almeida Júnior, homem tímido e retraído mas paradoxalmente ousado, afrontando a tudo e a todos, em se tratando de seu amor por Maria Laura, quanta matéria de estudo em pinturas como as já mencionadas O Importuno, Leitura ou Repouso!
Tecnicamente, pode-se dividir sua carreira em duas fases, antes e depois de 1882. Na inicial a palheta é sóbria e o modelado de extrema simplicidade, com apelo a recursos de luminosidade que de longe evocam os pré-impressionistas e a uma fatura gorda, empastada; na segunda fase a palheta se aclara e enriquece de novos matizes, a pasta pictórica é utilizada com maior parcimônia, enquanto, tematicamente, o assunto brasileiro faz sua aparição, externado numa linguagem plástica das mais pessoais e mais bem articuladas surgidas entre nós.
Fonte: CD-Rom "500 Anos da Pintura Brasileira".

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